INPI revela os campeões de inovação em 2023

Pelo segundo ano consecutivo, a Petrobras encabeça a relação dos maiores depositantes de patentes de invenção entre empresas e instituições residentes no país, segundo ranking divulgado pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI) no final de janeiro. A petrolífera sediada no Rio de Janeiro solicitou 125 pedidos de patentes em 2023, 15 a mais do que no ano anterior.

O segundo lugar ficou com a Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), no interior da Paraíba, com 101 pedidos, um acréscimo de 60 em relação a 2022. A filial brasileira da fabricante italiana de automóveis FCA Fiat Chrysler, com 58 pedidos, completou o pódio, saltando do 8º lugar para o 3º em apenas um ano.

De acordo com o INPI, foram solicitados 25.367 depósitos de patentes no país no ano passado, 6,5% a menos do que os pedidos de 2022. O resultado de 2023 contabiliza também os pedidos formulados por pessoas físicas e jurídicas não residentes no Brasil, que foram responsáveis por 80% do total (20.396).

Assim como em anos anteriores, instituições de ensino superior públicas têm lugar de destaque no ranking, ocupando 15 posições entre os 20 primeiros colocados. Além da UFCG, surgem entre os 10 maiores depositantes de invenções as universidades Federal de Minas Gerais (UFMG), em 4º lugar; Estadual de Campinas (Unicamp), na 7ª posição, Federal de Sergipe (UFS), na 9ª colocação, e o Instituto Federal Catarinense (IFC), em 10º lugar. A Universidade Estadual Paulista (Unesp) aparece na 17ª posição, seguida pela Universidade de São Paulo (USP).

Alexandre Affonso/Revista Pesquisa FAPESP

“Os resultados do ranking do INPI refletem o fato de que as empresas privadas brasileiras investem muito pouco em inovação e, quando investem, têm como foco inovações incrementais”, ressalta Anapatrícia Morales Vilha, professora do Centro de Engenharia, Modelagem e Ciências Sociais Aplicadas da Universidade Federal do ABC (UFABC) e membro da coordenação adjunta de pesquisa para inovação da Diretoria Científica da FAPESP. “Com isso, elas têm menos condições de gerar pedidos de patente.”

De acordo com a pesquisadora, o perfil das equipes de pesquisa e desenvolvimento (P&D) de companhias do setor privado é indicativo de seu baixo poder inovativo. “Os pesquisadores que atuam em empresas têm, em sua grande maioria, apenas graduação; poucos contam com título de mestre ou doutor”, afirma. “Isso afeta o número de patentes geradas pela iniciativa privada no Brasil.”

Investimento bilionário
Líder do ranking do INPI, a Petrobras é a única empresa nacional no Top 10 do ranking – as outra três (Fiat Chrysler, CNH Industrial, em 6º lugar, e Bosch, em 8º) são estrangeiras. A petrolífera soma mais de 1.200 patentes ativas no país e no exterior. A maioria dos projetos associados aos pedidos de 2023, conforme a companhia, tem como foco demandas de exploração e produção de óleo e gás, refino, energias renováveis e projetos de desenvolvimento sustentável, como descarbonização e redução de emissões – a indústria do petróleo é uma das que mais emitem gases de efeito estufa (GEE), responsáveis pelo aquecimento global.

Na última década, a Petrobras investiu mais de R$ 24 bilhões em atividades de pesquisa, desenvolvimento e inovação (P&DI). De acordo com o recém-divulgado Plano Estratégico da empresa, estão previstos investimentos de US$ 3,6 bilhões (cerca de R$ 18 bilhões) em P&DI durante o quadriênio 2024-2028. Trata-se do maior orçamento da história, com estimativa de elevação de aportes em descarbonização e novas energias em torno de 30% em 2028, segundo a petrolífera.

Responsável pelas atividades de inovação tecnológica e pelo depósito de patentes, o Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes) conta com cerca de mil pesquisadores próprios e 9 mil associados.

Inovação no semiárido
Vice-líder do ranking de patentes de invenções e primeira colocada entre instituições de ensino superior, a UFCG credita o seu desempenho à atuação do Núcleo de Inovação e Transferência Tecnológica (Nitt), criado com a finalidade de apoiar cientistas da instituição no processo de inscrição de patentes, prospecção tecnológica, assessoria jurídica para contratos de transferência de tecnologia e procedimentos de proteção de propriedade intelectual.

“As empresas que ladeiam a UFCG – a 1ª e a 3ª colocadas – possuem orçamentos milionários investidos internamente em atividades de pesquisa e inovação, enquanto a UFCG, uma universidade federal pública, situada no semiárido nordestino, desenha uma trajetória de recomposição de orçamento, em que muitas atividades foram temporariamente interrompidas em virtude do período pandêmico”, declarou o reitor Antonio Fernandes, em comunicado à imprensa.

Criada em 2002 a partir do desmembramento da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), a UFCG possui sete campi, que abrigam 77 cursos de graduação e 47 de pós-graduação, sendo 34 mestrados e 13 doutorados. A universidade tem hoje 18.168 graduandos e 2.259 pós-graduandos.

Unicamp
Entre as instituições de ensino superior de São Paulo, a Unicamp é a primeira a figurar no ranking de 2023. A universidade foi responsável por 40 pedidos de patentes entre os 1.368 depósitos registrados no Top 50 do INPI.

“O reconhecimento da Unicamp como a primeira universidade do estado de São Paulo e a terceira do Brasil em depósitos de patentes pelo INPI reflete nosso compromisso contínuo com a proteção e a transferência dos conhecimentos e tecnologias desenvolvidos na Unicamp”, destacou em comunicado Renato Lopes, diretor-executivo associado da Inova Unicamp, a agência de inovação da universidade.

A Unicamp também integra a lista das 15 universidades que mais registram programas de computador no país, outra categoria do levantamento divulgado anualmente pelo INPI, que inclui ainda marcas, desenhos industriais e modelos de utilidades.

Entre os depositantes não residentes no país, a fabricante norte-americana de chips Qualcomm foi a que mais solicitou pedidos de patentes de inventos, com 1.134 depósitos, seguida pela sul-coreana Huawei (460) e a alemã Basf (257).

O documento completo do INPI com os rankings de depositantes residentes pode ser acessado aqui. Para consultar a listagem de não residentes, clique aqui.

Fonte: Pesquisa FAPESP.

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