Insolvência entre PMEs, caracterizada pela execução judicial de bens, disparou em 2024, segundo estudo da Serasa
Quase 6,3 milhões de Pequenas e Médias Empresas estão inadimplentes no país, número mais alto já registrado em termos absolutos, mas que segue em patamar abaixo da média histórica. Os dados são da Serasa Experian e integram o boletim “Empreender Brasil: Inteligência de mercado para PMEs”, que será divulgado trimestralmente.
Mais importante que o dado em si, é preciso analisar sua trajetória. Apesar dos sucessivos recordes históricos recentes, o ritmo de crescimento anual da quantidade absoluta de micro e pequenas empresas em situação de inadimplência está na casa dos 3,4% (abril de 2024), abaixo da taxa média histórica de crescimento anual (4,7%) para o período de 2016 a 2023.
A insolvência entre PMEs, caracterizada pela execução judicial de bens da empresa em acúmulo de dívidas, disparou em 2024, atingindo 486 companhias apenas no primeiro quadrimestre, segundo a Serasa.
Luiz Rabi, economista da Serasa, explica que a demanda por crédito ficou adormecida em boa parte de 2023, devido às altas taxas de juros e à maior seletividade dos bancos. “O desrepresamento dessa demanda começou, em agosto do ano passado, congruente com a redução da Selic, desaqueceu no fim do ano, e aí voltou forte em em abril de 2024”.
Para Rabi, o aumento da inadimplência e, consequentemente, da insolvência, são frutos do período de juros mais altos.
PMEs e a Selic
Sobre a expectativa do mercado de que a Selic seja mantida em 10,5% pelo Copom, que se reúne hoje, e a possibilidade de fim do ciclo de cortes na taxa de juros básica do país, “não são notícias boas” para as PMEs, segundo o economista Luiz Rabi.
“No início do ano discutíamos um cenário muito mais favorável: falava-se que os juros poderiam encerrar o ano em 9%. Desde então, a incerteza fiscal balançou as expectativas quanto à inflação. Caso a Selic seja mantida no mesmo patamar, prefiro encarar como uma pausa temporária [nos cortes da taxa da juros], até a retomada da redução, no fim do ano ou no início do ano, com a redução da incerteza fiscal”, afirmou Rabi.
Apesar de entender o atual patamar da Selic como alto, o economista enfatiza que a taxa está menor do que no último ano. “Neste ano, a taxa média é menor do que a do ano passado, fator que tem impulsionado o consumo das famílias – e as vendas das PMEs, sobretudo nos setores de comércio e serviços”, disse.
Como ter mais crédito aprovado?
Cleber Genero, vice-presidente de pequenas e médias empresas da Serasa Experian, elenca algumas ações para o empreendedor, que tem PME ou é MEI, conquistar mais oferta de crédito.
A primeira atitude é separar a conta da pessoa jurídica da pessoa física. “Muitos empreendedores sequer abrem a conta PJ. E isso é um erro. As informações não devem se misturar”, explica.
A segunda orientação é manter atualizado o Cadastro Positivo, plataforma que funciona como um histórico do consumidor, que é consultado por instituições na hora de decidir conceder ou não crédito. Veja mais informações sobre o assunto no guia do Infomoney.
A terceira dica é pagar as contas em dia. “Tem empreendedores que pagam contas atrasadas não por não ter o dinheiro, mas por desorganização. E isso impacta na avaliação dele. Então é necessário usar ferramentas de organização para não atrasar as contas e pagar as dívidas dentro do prazo”, afirma.
Fonte: InfoMoney