Sustentabilidade: 59% das micro e pequenas empresas são comprometidas

Preservação do meio ambiente, redução de custos e construção de imagem estão entre as principais motivações dos empreendedores

Uma pesquisa realizada pelo Centro Sebrae de Sustentabilidade (CSS), que é gerido pelo Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso (Sebrae/MT), revela que 59% dos proprietários de micro e pequenos negócios declaram-se comprometidos com a sustentabilidade. O levantamento intitulado “Negócios Sustentáveis: A Contribuição das Pequenas Empresas Brasileiras na Agenda 2030 da ONU”, será apresentado durante o encontro nacional que tem como tema “Práticas Sustentáveis e o Impacto dos ODS nos Pequenos Negócios Brasileiros”. O evento para empresários, imprensa, autoridades e parceiros, será no auditório da sede do Sebrae em São Paulo, localizado no bairro Paraíso, no dia 23 de outubro.

No Brasil há 7.459.509 Microempresas (ME) e 1.550.534 Empresas de Pequeno Porte (EPP) com CNPJs ativos em todo o país. A pesquisa, de abrangência nacional, contou com uma amostra de 4.003 participantes.

As ações de sustentabilidade realizadas pelos pequenos negócios ainda são, em grande parte, consideradas iniciativas isoladas e com pouco planejamento (37,05%). Mas 23,66% têm práticas sustentáveis planejadas e 12,9% adotam práticas estruturadas e monitoradas.

A divulgação dessas ações apresenta um desafio para 65,60% dos entrevistados. Entre aqueles que divulgam, 17,61% realizam a comunicação de suas ações com pouca frequência e a adoção de indicadores de desempenho sustentável foi mencionada por 14,59% dos respondentes, enquanto apenas 2,20% publicam anualmente um relatório de sustentabilidade seguindo padrões internacionais.

A importância da pesquisa

Os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) foram estabelecidos pela Nações Unidas (ONU) em setembro de 2015 e adotados por 193 países-membros como uma política global chamada ‘Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável’. Trata-se de um chamado global à ação para acabar com a pobreza, proteger o meio ambiente e garantir até 2030 que as pessoas, em todos os lugares, possam desfrutar de paz e de prosperidade.

A Agenda 2030 é formada por 17 ODS e 169 metas associadas, que são interconectadas e visam o fomento do desenvolvimento sustentável por meio do equilíbrio de três dimensões integradas: crescimento econômico, bem-estar social e proteção ambiental.

O relatório sobre os ‘Objetivos de Desenvolvimento Sustentável 2024’ da ONU, aponta os desafios significativos que o mundo enfrenta para avançar consistentemente ao alcance dos ODS. Segundo o estudo, apenas 17% das metas dos ODS estão caminhando na direção correta, quase metade está em nível de progresso mínimo ou moderado e mais de um terço das metas estagnou ou até regrediu. Esses dados evidenciam que o mundo não está conseguindo cumprir a promessa de atingir os ODS até 2030, não há direcionamento dos investimentos necessários e faltam ações coletivas em escala.

No Brasil, 84% das empresas que fazem parte do Pacto Global já estão avançando em direção aos ODS. No entanto, apenas 46% delas incorporaram as metas da Agenda 2030 em suas estratégias de negócio. O sucesso no atingimento dos ODS depende do engajamento e da ação coletiva de todos, incluindo as micro e pequenas empresas (MPEs).

Nesse contexto, esta pesquisa teve como objetivo analisar o nível de conhecimento e engajamento dos pequenos negócios sobre os ODS e identificar as práticas sustentáveis adotadas que estão em sintonia com a Agenda 2030. Ao alinhar suas estratégias e modelos de negócios aos ODS, os empresários poderão não só contribuir para o desenvolvimento sustentável em suas comunidades, como também descobrir novas oportunidades de desenvolvimento territorial, reduzir custos operacionais, gerenciar riscos socioambientais e fortalecer seu compromisso e no fomento de uma economia circular, regenerativa, de baixo carbono e inclusiva.

Diretor-técnico do Sebrae/MT, André Schelini

Contribuição do Sebrae

Segundo o diretor Técnico do Sebrae Nacional, Bruno Quick, é importante reforçar o engajamento das empresas com a agenda sustentável. “Para alcançar os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) até 2030, é essencial aumentar o engajamento das pequenas empresas em práticas sustentáveis. No Sebrae, estamos comprometidos com a educação empreendedora (ODS 4), promovendo novos modelos de economia verde (ODS 9) e desenvolvendo projetos de inclusão socioprodutiva (ODS 10). A agenda climática (ODS 13) ganhará ainda mais força com a COP30, onde o Sebrae desempenhará um papel crucial ao reunir diversos parceiros em prol das metas de desenvolvimento sustentável”, afirma.

Para o diretor Técnico do Sebrae Mato Grosso, André Schelini, é importante enfrentar os desafios atuais para garantir a sustentabilidade dos pequenos negócios no futuro. “Os pequenos negócios desempenham um papel fundamental na transição para a economia do futuro, não apenas por suas contribuições na produção e distribuição de bens e serviços, mas também pela sua capacidade de adaptação às mudanças tecnológicas e ambientais. Ao adotarem práticas sustentáveis, eles se tornam protagonistas na transformação necessária para o alcance das metas globais de sustentabilidade, estimulando a inovação, promovendo a inclusão social e assegurando que ninguém seja deixado para trás.

A pesquisa “Negócios Sustentáveis: A Contribuição das Pequenas Empresas Brasileiras na Agenda 2030 da ONU” busca esclarecer como as micro e pequenas empresas (MPEs) estão incorporando a sustentabilidade em suas operações. Entre os 4.000 empresários entrevistados, 65% afirmaram não conhecer os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). Esse dado destaca a urgência de ações e debates que acelerem a adoção de práticas sustentáveis, contribuindo para o cumprimento da Agenda 2030 no Brasil.

Ainda que o cenário atual apresente desafios, o Sistema Sebrae possui a oportunidade de fomentar a mobilização e acelerar a integração dos ODS na estratégia dos pequenos negócios, viabilizando a transformação e adaptação para novos modelos de negócio a partir da melhoria contínua e a adoção de boas práticas”, avalia.

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