Por Douglas Nunes em 28 de agosto de 2017
Fui franqueado durante 36 anos e sei bem que existem desafios a todo instante para manter um negócio no Brasil, durante este tempo tive a oportunidade de ouvir vários franqueados de diversos segmentos de mercado. Estar num sistema que garante o suporte para a melhor operação do negócio é sem dúvida um diferencial comparado ao modelo tradicional, porém desde que a franqueadora detentora da marca possua uma estrutura eficiente e que esteja num processo contínuo de melhoria, afinal o dinamismo é palavra bem presente neste mundo do franchising. Embora o franqueado possa ter todo o apoio necessário um outro participante o desafia constantemente, falo da absurda carga tributária neste país. Segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM) em relatório emitido sobre competitividade mundial, em 2016 o Brasil ocupa o 7º. Lugar em cobrança de impostos, considerando o que a ONU define temos hoje no mundo 193 países, ou seja, estamos no topo indesejável do ranking. Em função destes dois, o suporte do franqueador e a carga tributária, o franqueado é desafiado constantemente em sua gestão.
As pressões do franqueador são inúmeras, é necessário ter perfil para ser franqueado e seguir as orientações e preceitos definidos, confiando nas decisões estabelecidas. Posso elencar algumas questões que estão sempre na agenda do franqueador, vivemos numa livre concorrência e franquias do mesmo segmento competem entre si, então resta ao operador na ponta, o franqueado, realizar cada vez mais para superar os concorrentes:
Padrão operacional: Manter o padrão operacional definido pelo franqueador deve estar em constante vigilância, desde o espaço físico, exposição de produtos, uso de mídia aprovada, atendimento ao cliente final, entre outros. O franqueado criar um checklist para verificação periódica e fazer as correções necessárias é uma boa dica, evita os apontamentos negativos numa visita por parte do franqueador;
Alta performance: Neste mundo competitivo franqueadores exigem que o franqueado tenha alta performance, no atingimento de metas, mantendo uma equipe qualificada, motivada constantemente e principalmente trazendo excelentes resultados;
Expansão: Sempre estar de olho nas oportunidades que surgem para maximizar os negócios, como a instalação de novos pontos de vendas ou a ampliação do ponto atual e o mais rápido que puder.
Quando se trata de lidar com a carga tributária é outro item que pode até tirar o sono, como muitos dizem é um outro “sócio”, mas daqueles que não reinvestem, só fazem suas retiradas e gastam, gastam e não vemos nenhum retorno satisfatório:
Na década de 80 a carga tributária representava 25% do PIB, atualmente gira em torno de 33%.
Parra contratar funcionários os empresários no Brasil pagam encargos que variam de 38% a 69% sobre o valor dos salários, dependendo do regime tributário adotado.
Impostos sobre vendas de produtos ou serviços são outra parafernália, PIS, COFINS, CSLL, IPI, ISS, ICMS, tantos e de modos diferentes de cálculo, bem como com algumas legislações específicas em cada estado e município, que exige esforço substancial da equipe contábil apenas para fazer o trivial.
Com tanta carga há mais probabilidade de vermos empresas deixando de pagar impostos e criando um passivo para ser administrado, então aí se elevam mais ainda os custos.
Há alternativas para lidar com as duas pressões? Sendo bastante direto e objetivo para quem está atuando como franqueado não tem escapatória é enfrentar ou repassar o negócio, para quem quer ingressar no sistema já tenham consciência destas pressões. Acredito que o importante é investir cada vez mais na capacitação do operador franqueado, quanto mais habilidades e conhecimentos para gerir o negócio melhor. Também se cercar de pessoas competentes, de preferência extremamente competentes, que possam entregar informações, relatórios, sugestões que facilitem as tomadas de decisões diárias. Ouvir outros franqueados do segmento que atua e de outros segmentos também, compartilhar práticas de gestão, estar sempre antenado em todas as novidades na legislação, participar de associações que se coloquem no lugar do franqueado, como a ASBRAF (https://asbraf.com/), enfim toda e qualquer iniciativa que promova a evolução da capacidade como gestor.
Quanto à carga tributária? Será que dá para “redescobrir” o Brasil e ter um recomeço? Com uma legislação tributária mais justa que fomente a geração de emprego, renda e produtividade, aliado à capacidade empreendedora do brasileiro e com as regulações necessárias para aprimorar o sistema de franquia no Brasil, muitos de nossos indicadores teriam melhoria expressiva, não há a menor dúvida!!
Sobre o autor: Empreendedor, Consultor e Palestrante, atual Diretor de Relações Institucionais – ASBRAF, formado em Administração, foi franqueado durante 36 anos, 1o. Presidente da Junior Achievement – Paraíba de 2004 a 2006.2, Diretor da Associação dos Lojistas do Shopping Sul de 2005 a 2007, premiado diversas vezes entre eles como melhor franqueado do Nordeste e melhor gestão pelo PPQ – Programa Paraibano da Qualidade.
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