Diretora da instituição diz que o banco de desenvolvimento realizou 104.195 operações no 1º semestre, alta de 58% ante o mesmo período de 2023
A diretora de Crédito Digital para MPMEs (micro, pequenas e médias empresas) do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Maria Fernanda Ramos Coelho, disse que 96% das operações feitas pela estatal no 1º semestre de 2024 foram para empresas com menor porte.
O Poder360 mostrou nesta 2ª feira (22.set.2024) que 54,5% do desembolso do BNDES de janeiro a junho foram para grandes empresas. Totalizaram R$ 26,9 bilhões, volume maior que o somado para micro, pequenas e médias empresas (R$ 22,4 bilhões). Além disso, as regiões Norte e Nordeste receberam, juntas, somente 19,9% do total de recursos.
Segundo dados do BNDES, foram 104.195 operações de janeiro a junho, uma alta de 58% ante o mesmo período de 2023. A diretora Maria Fernanda concedeu entrevista ao Poder360 sobre os dados. Ela foi presidente da Caixa Econômica Federal de 2006 a 2010 e está desde maio de 2024 na área de crédito digital para micro e pequenas empresas.
Maria Fernanda disse que o BNDES tem meta de expandir os recursos, principalmente no Norte e Nordeste. Afirmou que o processo requer engajamento e articulação que tem sido buscado com base na diretriz estratégica do governo federal.
“Atuamos com base em todas as políticas públicas que o governo federal tem tratado, como a Nova Indústria Brasil, o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), […] a política nacional de transformação energética, o programa de transformação ecológica”, disse a diretora.
A diretora do BNDES disse que a atuação da estatal busca promover o desenvolvimento sustentável no Brasil. “Nossa expectativa, sem sombra de dúvida, é que haja um aumento para as micro, pequenas e médias empresas não só no volume de recursos, mas também na quantidade de operações em todo o Brasil”, defendeu.
Segundo ela, pelo porte, as grandes empresas têm uma capacidade de tomar recursos maior. Disse que, na área de micro e pequenas empresas, o BNDES opera em parceria com uma rede de mais de 80 agentes financeiros entre bancos públicos e privados, bancos de desenvolvimento, agências e cooperativas.
“Hoje, a quantidade de operações de micro e médias empresas corresponde a 96% do total de operações que o BNDES tem. […] Elas são amplamente, em quantidade de operações, as grandes beneficiárias dos recursos do BNDES”, disse Maria Fernanda.
A diretora afirmou que o BNDES aumentou em 60% o volume de recursos destinados às micro, pequenas e médias empresas em 2024 em relação a 2023.
Maria Fernanda declarou que as empresas de pequeno porte têm mais dificuldade às garantias para conseguir empréstimo. Os fundos garantidores do BNDES viabilizaram 43.000 que totalizaram R$ 17 bilhões no 1º semestre de 2024.
“É uma garantia que é aportada que permite as instituições financeiras aumentarem seu apetite a risco. Não computa como desembolso e como aprovação, mas são recursos que estão viabilizando 43.000 operações nesse montante para que possam acessar crédito”, declarou a diretora.
NORTE E NORDESTE
Maria Fernanda disse que a gestão do presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, busca aumentar as operações nas regiões Norte e Nordeste. No 1º semestre, o BNDES aumentou em 181% o desembolso no Norte e em 51% no Nordeste.
Em 6 de agosto, a Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) decidiu reativar o Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais. Segundo a diretora, o BNDES e as instituições financeiras poderão discutir estratégias de desenvolvimento na região Nordeste.
“A partir daí a gente começa a identificar que setores são estratégicos, que cadeias produtivas são importantes naquela região para que essas instituições possam fomentar esse financiamento”, disse.
A diretora do BNDES afirmou que haverá uma estratégia semelhante em outubro com a região Norte. “A gente está buscando o Banco da Amazônia, o consórcio Amazônia Legal, as instituições financeiras que lá atuam, o Banco do Brasil a Caixa Econômica para que a gente possa trabalhar no que há de mais dinâmico”, disse Maria Fernanda.
RIO GRANDE DO SUL
A diretora declarou que o BNDES focou os trabalhos para ajudar as empresas impactadas pelas enchentes no Rio Grande do Sul. O Poder360 publicou que R$ 6,8 bilhões foram destinados para o Estado. Segundo Maria Fernanda, foram aprovados R$ 900 milhões do Fundo Social para atender as micro, pequenas e médias empresas.
“Deste valor, até 18 de setembro […] nós já aplicamos mais de R$ 500 milhões”, declarou.
MICRO E PEQUENAS EMPRESAS
O BNDES disse que aumentou em 53% as aprovações para as micro, pequenas e médias empresas no 1º semestre de 2024 em relação ao mesmo período de 2023. Eis a íntegra do que disse o banco de desenvolvimento (PDF – 46 kB).
A estatal declarou que desembolsou R$ 22,4 bilhões em 2024 com as micro, pequenas e médias empresas, o que corresponde a um crescimento de 60% em relação a 2023. Disse que, em comparação com 2022, o aumento é mais expressivo, de 106% nas aprovações e de 80% em desembolsos.
“No total desembolsado pelo BNDES, as grandes empresas hoje representam cerca de 54%, como citado. Porém, na quantidade de operações, vale destacar que as MPMEs atualmente já respondem por mais de 96% das operações, ou seja, são as beneficiárias da ampla maioria dos financiamentos realizados pelo Banco”, disse.
Para o BNDES, os dados mostram que as micro, pequenas e médias empresas ocupam “cada vez mais importante na atuação do Banco e vêm ganhando participação seguidamente nos seus financiamentos, mesmo que, em função do porte das empresas e de sua própria capacidade de endividamento, as operações realizadas com esse segmento ainda sejam de menor valor”.
O BNDES afirmou que tem adotado um “série de medidas para ampliar sua atuação nessas regiões”, como condições diferenciadas para os financiamentos. Declarou que o BNDES Mais Inovação permitiu financiamentos para o Nordeste e Norte com valor mínimo de R$ 10 milhões para operações diretas, enquanto nas demais regiões é de R$ 20 milhões.
O banco de desenvolvimento também lançou uma linha de R$ 2 bilhões para investimentos em data centers com taxa diferenciada para o Norte e Nordeste. “Isso evidencia que o BNDES tem trabalhado continuamente para reduzir desigualdades regionais e estimular o desenvolvimento produtivo para além do eixo Sudeste-Sul”, defende.
O BNDES disse que atua de forma alinhada às políticas públicas do governo federal, com foco na neoindustrialização, na NIB (Nova Indústria Brasil), na infraestrutura, no Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e na Política Nacional de Transição Energética.
A carteira de crédito do BNDES subiu 10,7% em 1 ano, do 2º trimestre de 2023 ao 2º trimestre de 2024. Passou de R$ 479,1 bilhões para R$ 530,2 bilhões no mesmo período.