Se esses conflitos não forem bem gerenciados, podem escalar rapidamente, comprometendo a saúde da rede como um todo.
Por: Fernanda Carvalho Frustockl La Rosa
Conflitos entre franqueados e franqueadores são inevitáveis em qualquer rede de franquias bem estruturada. Afinal, reunir dezenas, centenas ou até milhares de unidades — cada uma gerida por empreendedores com histórias, perfis e expectativas diferentes — gera desafios naturais. Nesse contexto, o que diferencia um bom franqueador não é a ausência de crises, mas sim a forma como ele as reconhece, administra e resolve. Dessa maneira, é possível preservar tanto a reputação da marca quanto a saúde da rede.
Por que conflitos surgem entre franqueador e franqueado
A relação franqueador-franqueado é única: trata-se de um contrato empresarial sustentado por pessoas. Por isso, conflitos entre franqueados e franqueadores são inevitáveis, mesmo em redes de franquias bem estruturadas. Afinal, muitos franqueados investem suas economias e depositam altas expectativas no negócio. Essa interdependência, aliada a contratos de longa duração e à intensa interação diária, torna o relacionamento propenso a atritos. Se esses conflitos não forem bem gerenciados, podem escalar rapidamente, comprometendo a saúde da rede como um todo.
Principais causas de crises em redes de franquias
- Desalinhamento de expectativas na entrada
Franqueados podem imaginar um modelo de “gestão assistida” ou “semi-automático”, o que raramente condiz com a realidade do franchising. Uma comunicação clara, que inclua desafios e não apenas projeções otimistas, é essencial — prática conhecida como “anti-venda”. - Quebra de padrões operacionais
Alterar cardápios, coleções, comunicação visual ou processos sem autorização pode prejudicar a identidade da marca. O franqueador deve equilibrar padronização e sensibilidade às particularidades regionais.
- Problemas de suporte e supervisão
A falta de preparo dos supervisores ou a ausência de canais de escuta eficientes pode aumentar insatisfações. Treinamento e comunicação empática são fundamentais. - Falhas no fornecimento de produtos
Quando a rede depende exclusivamente de itens da marca, atrasos ou erros na logística têm impacto direto no desempenho das unidades. - Canibalização de território
Sobreposição de unidades franqueadas e próprias exige atenção estratégica para evitar concorrência interna. - Problemas financeiros do franqueado
Dificuldades pessoais podem afetar diretamente o negócio, demandando ações rápidas de suporte. - Amplificação de conflitos pela mídia e redes sociais
Uma crise pontual pode se espalhar pela rede, gerando um “efeito contágio” que engaja franqueados não diretamente afetados.
Estratégias para uma gestão eficaz de conflitos em Redes de Franquias
- Treinamento contínuo: manter franqueados e equipes alinhados às melhores práticas.
- Clusters de atendimento: suporte personalizado, como “berçários de operação” para iniciantes e núcleos de recuperação para unidades em dificuldade (“UTI de franqueados”).
- Canais institucionais de escuta: promover convenções e espaços de diálogo genuíno.
- Preparação jurídica: manter documentação, registros de suporte e histórico de não conformidades para eventuais litígios.
Conclusão
A gestão de crises em franquias não se baseia em evitá-las a qualquer custo, mas em estruturar sistemas capazes de identificá-las cedo e solucioná-las com técnica, empatia e transparência. Redes que lidam bem com conflitos fortalecem vínculos internos, preservam a reputação da marca e garantem um crescimento sustentável para franqueador e franqueados.
Fonte:https://baptistaluz.com.br/gestao-crises-redes-franquias-bom-franqueador-lida-conflitos/