Opinião: relação azeda entre franqueador e franqueado é principal problema do setor de franchising

Setor de franquias cresce no Brasil, mas crises internas podem comprometer a reputação das marcas

O setor de franquias no Brasil segue em franca expansão, especialmente no ramo alimentício. Segundo a Associação Brasileira de Franchising (ABF), o mercado movimentou R$ 273,1 bilhões em 2024, um crescimento expressivo.

Mas, por trás dos números positivos, há um componente frequentemente negligenciado: a qualidade da relação entre franqueador e franqueado. Quando essa relação se deteriora, os impactos vão muito além do fechamento de lojas.

Nos últimos meses, o mercado tem acompanhado situações envolvendo grandes redes de franquias, nas quais franqueados denunciaram práticas abusivas, imposição de condutas não previstas em contrato e falta de suporte.


Equilíbrio entre Franqueador e Franqueado

Franquia não é emprego. O franqueado investe capital, assume riscos, trabalha duro e, naturalmente, espera retorno. Já o franqueador precisa proteger o padrão da marca, garantir a unidade da rede e prover suporte adequado.

Para evitar que essa relação azede, algumas práticas são indispensáveis:

  • Contratos claros e transparentes
    Taxas, reajustes, responsabilidades, regras de conduta e formas de resolução de conflitos precisam estar cristalinamente definidos.
  • Comunicação e suporte constantes
    Reuniões periódicas, canais de escuta ativa e treinamentos atualizados ajudam a manter o franqueado conectado, seguro e motivado.

Essa relação deve ser vista como uma sociedade, e não como uma relação de cliente e fornecedor. Isso não significa ausência de obrigações, mas sim a necessidade de equilíbrio e respeito mútuo.


A Confiança como Base do Franchising

O Brasil conta hoje com mais de 1,7 milhão de empregos diretos gerados pelo setor de franquias, e cerca de 2,2% do PIB já vêm desse modelo de negócios. É um mercado robusto, com potencial de crescimento contínuo.

Independentemente do segmento — onde o consumidor é exigente e o mercado competitivo — qualquer desgaste interno rapidamente se reflete no balcão. E nem o melhor cardápio compensa o gosto amargo deixado por uma má gestão da relação interna.


Escolher o Franqueado Ideal Faz Toda a Diferença

Escolher o franqueado não é um detalhe — é a base de tudo. Por isso, o empresário deve investir tempo e atenção em um processo seletivo estruturado, com:

  • Critérios bem definidos
  • Etapas claras
  • Avaliação de perfil comportamental
  • Alinhamento com a cultura da marca

Acima de tudo, é essencial escolher bem quem vai caminhar com você. O franqueado ideal pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso da rede.


Julian Tonioli é CEO e Rodrigo Chiavenato, diretor da vertical de franquias da Auddas. Ambos são empresários e associados à ABF.

Fonte:
Exame – Bússola

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