Mulheres pagam mais juros do que os homens e têm menos empréstimos aprovados, diz diretora do Sebrae

Mulheres pagam mais juros

Margarete Coelho falou ao SBT News sobre ações adotadas pelo Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas para estimular o empreendedorismo feminino

A diretora de administração e finanças do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Margarete Coelho, disse nesta segunda-feira (26), em entrevista ao SBT News, que as mulheres representam mais de 30% do empreendedorismo no país. Apesar de estarem ganhando mais espaço no mercado, elas têm dificuldades “típicas da distinção de gênero que fazemos no Brasil”.

Entre as dificuldades, estão juros maiores na tomada de crédito. “É impressionante a gente dizer isso, mas as mulheres pagam 4% a mais [de juros] que os homens”, pontuou Margarete.

Ainda de acordo com a diretora, elas têm menos tempo para se dedicar aos seus empreendimentos do que as pessoas do gênero masculino e menos empréstimos aprovados.

O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas criou uma gerência específica para empreendedorismo feminino, inclusivo e diverso.

“No empreendedorismo feminino, as mulheres. No diverso, a questão do segmento LGBTQIA+, as pessoas acima de 60 anos, e também o inclusivo, pessoas com deficiências”, explicou Margarete.

Ela ressalta que empreender é difícil para todas as pessoas, mas para esses grupos “as dificuldades são maiores”.

Dessa forma, acrescenta, o Sebrae “está preocupado em modelar produtos para eles”. São oferecidos cursos de negociação para as mulheres e oportunidade de acesso ao crédito mais facilitado, por exemplo.

Reforma Tributária

Outro tema sobre o qual a diretora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas falou na entrevista foi a reforma tributária. Dois projetos de autoria do governo para regulamentar a reforma estão tramitando no Congresso.

Um, que detalha quais produtos serão incluídos na cesta básica e quais serão taxados com o chamado “imposto do pecado”, já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e está no Senado. O outro, que o cria o Comitê Gestor do Imposto sobre Bens e Serviços, tributo trazido pela reforma para substituir o ICMS e o ISS, teve o texto-base aprovado pela Câmara, mas ainda falta a votação de destaques.

“A reforma tributária traz inúmeros avanços. Poderíamos avançar mais? Poderíamos, sim. Mas eu acho que é um excelente começo. Há muito tempo o Brasil espera essa reforma tributária”, afirmou Margarete.

Segundo ela, em relação aos pequenos negócios, a reforma “é muito interessante”. “E eu diria até para as mulheres. Como eu falava há pouco, as mulheres pagam mais juros. Com a unificação dos impostos, isso vai acabar. A famosa taxa rosa também vai desaparecer, que é aquela taxa sobreposta em produtos para as mulheres”.

Atualmente, ressalta, o imposto sobre produtos para mulheres é mais caro do que sobre produtos similares para homens.

“Preservativo masculino paga um imposto; o preservativo e a pílula anticoncepcional tem um imposto muito mais alto. Então [o fim da taxa rosa] vai fazer, de certa forma, uma justiça tributária com as mulheres e com alguns segmentos dos pequenos negócios”.

Cartilha

Margarete falou ainda sobre uma cartilha lançada neste ano pelo Sebrae, denominada “Eleições 2024: Candidato Parceiro do Pequeno Negócio”. Segundo a diretora, com o documento, a ideia é fazer com os que os candidatos se comprometam com a pauta do empreendedorismo.

A cartilha traz sugestões para os planos de governo dos candidatos. Foram incluídas propostas em áreas como compras governamentais, cooperativismo e crédito, empreendedorismo feminino e inovação.

“Os candidatos que já tenham lançado os seus planos de governo, mas ainda assim queiram no seu discurso, nos debates, utilizarem esse viés do empreendedorismo para conquistar os seus eleitores, basta procurar os Sebraes estaduais, os Sebraes municipais, que as cópias das cartilhas estão lá”, explicou Margarete.

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