A Avon deu adeus a Interlagos, onde estava desde 1970. A Natura &Co vendeu para a Goodman Brasil, gestora de ativos imobiliários, a antiga fábrica da Avon, na sequência do plano de integração das operações da marca com as estruturas da Natura.
Por isso, a partir de 2024, a produção migrará de “forma gradual” para as plantas da Natura em Cajamar. Lá a empresa também inaugurou em 30 de novembro o novo centro de pesquisa e inovação da Avon, como havia antecipado à EXAME em julho. Antes disso, em outubro de 2022, a equipe administrativa da Avon passou a trabalhar do NASP, prédio-sede da Natura na Zona Oeste de São Paulo.
O valor da transação não foi revelado. O grupo australiano deve transformar o imóvel em um galpão logístico. Até o fim de setembro, o grupo tinha US$ 82,9 bilhões em ativos imobiliários sob gestão. A demanda por galpões logísticos está aquecida e há poucas áreas disponíveis para esses imóveis ainda na capital, o que valoriza o preço do metro quadrado de ativos do tipo.
Embora as cifras não pareçam relevantes o suficiente para um comunicado da empresa na Comissão de Valores Mobiliários, a equipe de analistas do Goldman Sachs diz que a entrada de recursos extras “é pequena, mas bem-vinda”. De acordo com o banco, que teve uma reunião recente com a companhia, o valor da venda deve ser apresentado nos números do quarto trimestre.
Depois de muito crescer, a Natura &Co tropeçou nas próprias pernas e precisou dar passos atrás. Desde a chegada de Fabio Barbosa, em junho de 2022, a companhia vem adotando uma tese de eficiência, ficando mais enxuta com a venda de ativos.
Foi assim que fechou a venda da Aesop para a L’Oréal por US$ 2,5 bilhões em outubro do ano passado e, mais recentemente, anunciou a venda por £ 207 milhões da The Body Shop para o private equity europeu Aurelius. Os recursos desse desinvestimento devem entrar até o fim do ano.
Com o dinheiro da Aesop, a Natura &Co antecipou o pagamento de mais da metade de suas dívidas, hoje em R$ 6,19 bilhões, com a relação entre dívida total e Ebitda passando de 4,35x para 3,21x. A empresa terminou o terceiro trimestre com um caixa líquido de R$ 696,6 milhões.
Recentemente, a empresa anunciou a saída da CEO da Avon Internacional, Angela Cretu, que estava há 25 na empresa. Kristof Neirynck, que era CMO assumiu. Em entrevistas, Barbosa tem dito que a Avon não vai sair de países, mas deve repensar sua estratégia com foco nos principais mercados, como Turquia e África do Sul. A empresa também tinha forte exposição ao leste europeu, cujos negócios estão afetados desde o começo da guerra entre Rússia e Ucrânia.
Hoje, em uma postagem no LinkedIn, Marcelo Behar, que era vice-presidente de sustentabilidade e relações corporativas da Natura &Co anunciou a saída da empresa e a extinção do cargo que ocupava. Behar estava há dez anos na companhia.
Fonte: Exame.